quinta-feira, 7 de abril de 2011

Padrões: de Formatação

Como Fazer
Veja aqui artigos e dicas importantes para auxiliá-lo na sua vida acadêmica. Você pode ainda contribuir para essa página enviando suas sugestões para nosso e-mail, essas sugestões podem ser publicadas.

Veja Abaixo
       Fichamento
       Citação
       Referência

 
  Fichamento
É uma das fases da Pesquisa Bibliográfica, seu objetivo é facilitar o desenvolvimento das atividades acadêmicas e profissionais. Pode ser utilizado para:
  • Identificar as obras;
  • Conhecer seu conteúdo;
  • Fazer citações;
  • Analisar o material;
  • Elaborar a crítica;
  • Auxiliar e embasar a produção de textos;
Classificação de Fichamento:
  1. FICHAMENTO TEXTUAL - é o que capta a estrutura do texto, percorrendo a seqüência do pensamento do autor e destacando: idéias principais e secundárias; argumentos, justificações, exemplos, fatos etc., ligados às idéias principais. Traz, de forma racionalmente visualizável - em itens e de preferência incluindo esquemas, diagramas ou quadro sinóptico - uma espécie de “radiografia” do texto.
  1. FICHAMENTO TEMÁTICO - reúne elementos relevantes (conceitos, fatos, idéias, informações) do conteúdo de um tema ou de uma área de estudo, com título e subtítulos destacados. Consiste na transcrição de trechos de texto estudado ou no seu resumo, ou, ainda, no registro de idéias, segundo a visão do leitor. As transcrições literais devem vir entre aspas e com indicação completa da fonte (autor, título da obra, cidade, editora, data, página). As que contêm apenas uma síntese das idéias dispensam as aspas, mas exigem a indicação completa da fonte. As que trazem simplesmente idéias pessoais não exigem qualquer indicação.
  1. FICHAMENTO BIBLIOGRÁFICO - consiste em resenha ou comentário que dê idéia do que trata a obra, sempre com indicação completa da fonte. Pode ser feito também a respeito de artigos ou capítulos isolados, a arquivado segundo o tema ou a área de estudo. O Fichamento bibliográfico completa a documentação textual e temática e representa um importante auxiliar do trabalho de estudantes e professores.

Topo 
Citação
Citação é a menção, no texto, de uma informação extraída de outra fonte.
  • Objetivo da NBR-10520
Fixar as condições exigíveis para padronização e coerência da seguridade das fontes indicadas nos textos dos tipos de documentos (ABNT, 2002).
  • Tipos de citação
De acordo com a ABNT, as formas de citações mais conhecidas são: direta, indireta e citação de citação.
  • Citação direta, literal ou textual
Citações diretas, literais ou textuais: transcrição do trecho do texto de parte da obra do autor consultado.
Espaçamento 1,5cm
Tamanho = 12
 Exemplo :
Exemplo 2: A citação com menos de 4 linhas é colocada entre “aspas”
  • Citação indireta ou livre
Citações indiretas ou livres é o texto baseado na obra do autor consultado (uso de paráfrase).
Exemplo 1: Indicação do Autor no começo do texto citar em Caixa Baixa seguida da data
Citação de citação
  • Citação de citação é aquela em que o autor do texto não tem acesso direto à obra citada, valendo-se de citação constante em outra obra.
Exemplo 1: Indicação dos Autores separados pela expressão “apud” ou “citado por”
  • Citação de informação verbal
Os dados obtidos por informação oral (comunicação pessoal, palestras, apontamentos em aula, etc.) podem ser citados e suas referências aparecerão apenas em nota de rodapé.
Exemplo:
____________________
1 English, therefore, is not a good language to use when programming. This has long been realized by others who require to communicate instructions. (TEDD, 1977, p. 29).
  • No texto (comunicação pessoal):
VALE constatou que há indícios de cones de rejeição².
  • No texto (apontamentos em aula):
A Internet é vista como um grande meio de difusão dos aspectos da globalização³.
  • Formalização da citação
Para formalizar uma boa citação, sugerimos algumas formas para iniciar um parágrafo no texto acadêmico. Veja:
Vale ressaltar que... / Em função disso... / A partir dessa reflexão, podemos dizer que... / É importante ressaltar que... / Com base em (autor) queremos buscar caminhos... / É necessário, pois, analisar... / Nesse sentido, ressaltamos que... / Coaduna-se com essas reflexões (autor) quando ressalta que... / Posto que [a leitura é sempre produção de significados], consideramos que... / Daí a necessidade de... / Podemos inferir, com (autor) que... / Assim, entendemos que... / Dessa perspectiva... / Dessas acepções, podemos ressaltar que... / Disso decorre... / Assim sendo, salientamos que... / A partir desses levantamentos, cabe-nos... / Contudo, ressalta (autor) que... / Podemos compreender, com base em (autor) que... / Tais afirmações vêm de encontro ao que queremos... (no sentido de choque) / Os estudos desses autores vêm o encontro de nossos anseios, no sentido de mostrar que... (para somar) (ECKERT-HOFF1, 2001 apud FACULDADES NETWORK, 2002).

Topo 
Referência
Referência é conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados de um documento, que permite a sua identificação individual. (NBR 6023, 2002, p. 2).
ELEMENTOS DA REFERÊNCIA
  • Autor da obra
Inicia-se a referência pelo Sobrenome do autor em maiúsculo, seguido pelo nome. Emprega-se vírgula entre sobrenome e nome.
Ex.: GARCIA, J.
Quando a obra possuir até três (3) autores, indicam-se todos, na mesma ordem em que aparecem na obra, emprega-se ( ; ) entre os autores.
Ex: GARCIA, Juarez; SILVA, Jorge; SOUZA, Standilau.
____________________________
1ECKERTT-HOFF, B. M.  Apostila de metodologia do trabalho científico. Nova Odessa: Fac. Network, 2001
GARCIA, J.; SILVA, J.; SOUZA, S.
Quando a obra possuir mais de três (3) autores, menciona-se o primeiro, seguido da expressão et al.
Ex.: GARCIA, J. et al.
Quando houver indicação de responsabilidade por uma coletânea de vários autores, a entrada deve ser feita pelo nome do responsável, (seguida da abreviatura entre parênteses).
Ex.: GARCIA, J. (Org.).
Indicação de parentesco no nome, manter a indicação em letra maiúscula.
Ex: BRITO FILHO, Dilermando.
AMATO NETO, Vicente.
Para entidades coletivas:
Órgãos de Administração governamental. (Ministério, Secretarias e outros).
Deve-se indicar a entrada pelo nome geográfico (País, Estado ou Município).
Ex.: BRASIL. Ministério da Saúde.
PARANÁ. Secretaria da Educação.
LONDRINA. Prefeitura Municipal.
Entidades independentes, empresas, universidades etc...
Ex.: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA.
CACIQUE CAFÉ SOLÚVEL.
IBGE.
Para publicações anônimas, entrar diretamente pelo título, sendo a primeira palavra impressa em maiúsculo.
Ex.: A VIDA como ela é.
  • Título da obra
O título deve ser reproduzido tal como aparece na obra, devendo ser destacado dos demais elementos da referência (negrito, itálico ou sublinhado).
- Subtítulo
Indica-se o subtítulo após o título, precedido por dois pontos (:). O subtítulo não deve ser destacado.
Ex.: Sistema de retroação e controle: aplicações para engenharia, física e biologia.
  • Edição
É indicada a partir da segunda edição, deve ser transcrita utilizando-se abreviaturas dos numerais ordinais, na língua do documento.
Ex: 2. ed.
5th ed.
  • Local
O local deve figurar na referência tal como aparece na publicação. Quando houver mais de um local, indica-se o que estiver em destaque ou aparecer em primeiro lugar. Quando não for mencionado, utilizar-se a expressão [S.l.].
  • Editora
Deve ser citada tal como aparece na obra. Quando possuir mais de uma editora,indica-se a que aparecer em destaque ou a que estiver em primeiro lugar. Suprimir as palavras, Editora, Ltda., Cia, etc...
Se a Editora não estiver indicada na obra, utilizar a expressão [s.n.].
  • Data
Quando houver dúvidas quanto à data
[2000?] Data provável.
[200 -] Para década certa.
[19 --] Para século certo.
[18 --?] Para século provável.
Obs.: Na ausência do local, editora e ano, abrir colchetes:
Ex: [S.l.: s.n., 19--].
[S.l.: s.n.], 1999.
São Paulo: [s.n., 19--].
ORDEM DOS ELEMENTOS DA REFERÊNCIA
  • Livro no todo
SOBRENOME, Nome; SOBRENOME, Nome; SOBRENOME, Nome./Título./edição./Local de publicação: Editora, ano.
EX: PINHO, Diva Benevides; VASCONCELOS, Marco Antonio Sandoval de. Manual de economia. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 1998.
Com indicação de volume
BITTAR, Carlos Alberto. Curso de direito civil. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1994. v.2 (volume citado)
Ou
BITTAR, Carlos Alberto. Curso de direito civil. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1994. 3v. (quantidade de volumes da obra).
  • Capítulo de livro
    • Com autoria especial (autor do capítulo diferente do autor do livro
SOBRENOME, Nome./Título do capítulo./In: SOBRENOME, Nome./Título do livro./edição./Local: Editora, ano. p. inicial-final.
Ex.: ARCHER, Earnest R. Mito da motivação. In: BERGAMINI, Cecília; CODA, Roberto (Org.). Psicodinâmica da vida organizacional: motivação e liderança. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1997. p.23-46
    •  Sem autoria especial (quando o autor do livro for o mesmo do capítulo).
SOBRENOME, Nome. /Título do capítulo./In: ______./Título do livro./ edição./Local: Editora, ano./p. inicial-final.
Ex: FOUCAULT, Michel. A prosa do mundo. In: ______. As palavras e as coisas. São Paulo: Martins Fontes, 2000. p.23-58.
    •  Com indicação de volume
RODRIGUES, Silvio. Da cláusula penal. In: ______. Direito civil: parte geral das obrigações. 28.ed. São Paulo: Saraiva, 2000. v.2, p.87-98
  • Artigos periódicos
SOBRENOME, Nome (autor do artigo)./Título do artigo./Nome da Revista, Local, v., n., p.inicial - final, mês ano.
Ex: PEIXOTO, Fábio. Sua empresa não quer fera. Exame, São Paulo, v.35, n.738, p.30-31, abr. 2001.
Obs.: abreviar o mês até a terceira letra, com exceção ao mês de maio.
  • Artigos jornais
SOBRENOME, Nome (autor do artigo)./Título do artigo./Nome do Jornal, Local, dia mês e ano./Caderno, p.
Ex: SILVA, Carlos José. O drama da economia. Folha de Londrina, Londrina, 23 abr. 1998. Caderno Economia, p.4.
  • Teses/dissertações/monografias
SOBRENOME, Nome./Título do trabalho./Ano./ Natureza do Trabalho (Nível e área do curso) - Unidade de Ensino, Instituição, Local.
Ex: MONTAGNA, Adelma Pistun. Expressões de gênero no desenho infantil. 2001. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia.
  • Documentos meios eletrônicos
    •  Páginas da Internet
SOBRENOME, Nome./Título da página./Disponível em:<http:/www.editora.com.br>. Acesso em: 23 maio 2001.
Ex: CALDAS, Juarez. O fim da economia: o começo de tudo. Disponível em: <http:/www.caldasecon.com.br>. Acesso em: 23 abr. 2001.
    •  Artigos de periódicos (Internet)
SOBRENOME, Nome./Título do artigo./Nome da Revista, Local, v. , n. , mês ano. Disponível em: <http:/www.editora.com.br> . Acesso em: 23 maio 2001.
Ex: BAGGIO, Rodrigo. A sociedade da informação e a infoexclusão. Ciência da Informação, Brasília, v.29, n.2, maio/ago. 2000. Disponível em:
<http:/www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah>. Acesso em: 11 jun. 2002.
    •  E-mail
SOBRENOME, Nome (autor da mensagem). Título da mensagem. [mensagem pessoal] Mensagem recebida por <endereço destinatário> data.
Ex: SILVA, Mário. Informações eletrônicas [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <stujur@uol.com.br> em 11 jun. 2002.
    •  CD-ROM
Ex: RIO DE JANEIRO. Prefeitura Municipal. Subsecretaria de Desenvolvimento Institucional. Organização básica do poder executivo municipal. Rio de Janeiro: Unisys Brasil, 1996. CDROM.
  • Documentos jurídicos: leis decretos e portarias
BRASIL. Decreto-lei n° 2423, de 7 de abril de 1998. Estabelece critérios para pagamento de gratificações e vantagens pecuniárias as titulares de cargos e empregos da Administração Federal direta e autárquica e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 8 abr. 1998, p.6009, Seção 1, pt.1.
    • Jurisprudência (Acórdãos e demais Sentenças das Cortes ou Tribunais)
AUTOR (entidade coletiva responsável pelo documento). Nome da Corte ou Tribunal. Ementa (quando houver). Tipo e número do recurso (apelação, embargo, habeas corpus, mandado de segurança, etc.). Partes litigantes (precedida da palavra Apelante/Apelada). Nome do relator precedido da palavra "Relator". Local, data. Dados da publicação que publicou. Voto vencedor e vencido, quando houver.
BRASIL. Tribunal Regional Federal (5.Região). Apelação cível nº 42.441-PE -(94.05.016-6). Apelante: Edilemos Mamede dos Santos e outros. Apelada: Escola - Técnica Federal de Pernambuco. Relator: juiz Nereu Santos. Recife, 4 de março de 1997. Lex: Jurisprudência do STJ e Tribunais Regionais Federais, São Paulo, v.10, n.103, p.558-562, mar. 1998.
    • Constituição
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 27.ed. São Paulo: Saraiva, 1991.
    • Código
BRASIL. Código civil. Organização dos textos de Maurício Antônio Ribeiro Lopes. 5.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.
  • Verbetes dicionário/enciclopédia
EMPIRIOCRITICISMO. In: ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo: M. Fontes, 2000. p.326.
  • Trabalho apresentado em evento
AUTOR./Título do trabalho./In: NOME DO EVENTO, n., ano, Local. Anais.../Local de publicação: Editora, ano./p.
Ex: GARCIA, Flávio. A zoologia aplicada no Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOLOGIA, 34., 2002, Itajaí. Anais... Itajaí: UNIVALI, 2002. p.54-67. 
  • Bíblia
BÍBLIA. Idioma. Título da obra. Tradução ou versão. Local: Editora, Data de publicação. Total de páginas. Notas (se houver).
BIBLIA. Português. Bíblia sagrada. Tradução por Padre Francisco Zbik. Rio de Janeiro: Paumape, 1980.
FONTE: Material extraído (RIBEIRO, 2008)

Fichamento de :Glosas Críticas Marginais ao Artigo "O Rei da Prússia e a Reforma Social". De um prussiano.Karl Marx

Universidade Federal de Alagoas- UFAL.
Instituto de Ciências Sociais – ICS.
Disciplina de Ciência Política 5.
Profª Belmira Magalhães
Aluna: Márcia Regina Barbosa da Silva


Glosas Críticas Marginais ao Artigo
"O Rei da Prússia e a Reforma Social". De um prussiano.Karl Marx
7 de Agosto de 1844


O texto trata de como os governos da Inglaterra, França e Prússia estavam lidando ou tentando eliminar a miséria causada pelo caus da economia burguesa. Caus este derivado de uma péssima relação administrativa tanto burguesa como do Estado que negligencia suas responsabilidades. Para exemplificar as situações fala-se sobre o Governo da Prússia e a defesa de um prussiano sobre o comportamento de seu rei no jornal, as mudanças necessárias para resolver os problemas e a explanação de como o Estado deve portar-se para evitar e solucionar tais situações.
Márcia Regina Barbosa da Silva.


O assim chamado prussiano começa referindo-se ao conteúdo da ordem do gabinete do rei da Prússia sobre a insurreição dos trabalhadores silesianos e à opinião do jornal francês La Refórme sobre a ordem do gabinete prussiano.
La Refórme afirma que a ordem dedo gabinete real de oprimir a revolta da massa de trabalhadores (tecelões) é menos perigosa pelo fato de não ser necessário um exército para sufocá-la. Levando se em consideração o Caos causado pela péssima administração dos distritos industriais e da miséria parcial que colocava em risco toda a sociedade alemã
Se faz necessário que o inteligente prussiano compare a revolta dos tecelões silesianos com as revoltas dos operários ingleses e os tecelões silesianos lhe parecerão tecelões fortes. O suposto prussiano nega o "terror" do rei, entre outras coisas, porque bastaram poucos soldados para liquidar os frágeis tecelões.
Em uma relação geral da política com os males sociais, poderemos esclarecer que a revolta dos tecelões não causaria nenhum "terror" particular ao rei. Pois a revolta não era dirigida diretamente contra o rei da Prússia, mas contra a burguesia.
O nosso "prussiano" é ainda mais infeliz quando nega que o "sentimento religioso" seja a fonte da ordem do gabinete real.
"Num país não-político como a Alemanha", responde o prussiano, "é impossível compreender que a miséria parcial dos distritos industriais é uma questão geral e menos ainda que é um dano para o conjunto da sociedade. Para os alemães, o acontecimento tem o mesmo caráter de qualquer seca ou carestia local. Por isso, o rei o considera como um 'defeito de administração e de assistência'."


O "prussiano" atribui ainda à situação não-política da Alemanha o fato de que o rei da Prússia encontre a causa do pauperismo numa falha de administração e de assistência, os meios contra o pauperismo.
Para acabar com o pauperismo era necessário educar as crianças, era preciso alimentá-las e liberá-las da necessidade de trabalhar para viver. Alimentar e educar as crianças abandonadas, isto é, alimentar e educar todo o proletariado que está crescendo, significaria eliminar o proletariado e o pauperismo. Mas o Estado jamais encontrará no "Estado e na organização da sociedade" o fundamento dos males sociais,ou seja, jamais assumirá que falhou em suas responsabilidades e causou o problema.
Para resolver este problema é criada a Convenção. Quando o Estado admite a existência de problemas sociais, procura-os ou em leis da natureza, que nenhuma força humana pode comandar, ou na vida privada, que é independente dele, ou na ineficiência da administração, que depende dele. Assim, a Inglaterra acha que a miséria tem o seu fundamento na lei da natureza, segundo a qual a população supera necessariamente os meios de subsistência. Por um outro lado, o pauperismo é explicado como derivando da má vontade dos pobres, ou, de acordo com o rei da Prússia, do sentimento não cristão dos ricos, e, segundo a Convenção, da suspeita disposição contra-revolucionária dos proprietários. Por isso, a Inglaterra pune os pobres, o rei da Prússia admoesta os ricos e a Convenção guilhotina os proprietários.


O Estado não pode acreditar na impotência interior da sua administração, isto é, de si mesmo. Ele pode descobrir apenas defeitos formais, casuais, da mesma, e tentar remediá-los.
Robespierre vê na grande miséria e na grande riqueza um obstáculo à democracia pura.
O prussiano - se tivesse maior familiaridade com a história dos movimentos sociais - teria formulado a sua pergunta ao contrário. Por que também a burguesia alemã vê na miséria parcial uma miséria relativamente tão universal? De onde provém a animosidade e o cinismo da burguesia política, de onde provém a falta de resistência e as simpatias da burguesia não-política para com o proletariado?


Deve-se admitir que a Alemanha tem uma vocação tão clássica para a revolução social quanto é incapaz de uma revolução política. Com efeito, assim como a impotência da burguesia alemã é a impotência política da Alemanha, assim a disposição do proletariado alemão - ainda que prescindindo da teoria alemã - é a disposição social da Alemanha. A desproporção entre o desenvolvimento filosófico e o desenvolvimento político na Alemanha não é nenhuma anormalidade. É uma desproporção necessária. Somente no socialismo pode um povo filosófico encontrar a sua práxis correspondente e, portanto, somente no proletariado o elemento ativo da sua libertação.
O prussiano não consegue enxergar as falhas administrativas e nem mesmo o poder que uma revolução organizada possui para forças mudanças. O "prussiano" fecha dignamente o seu artigo com esta frase:
-"Uma revolução social sem alma política (isto é, sem uma visão organizativa do ponto de vista da totalidade), é impossível".
Gostaríamos de confidenciar ao "prussiano" o que é "uma revolução social com uma alma política"; com isso também lhe revelamos o segredo de porque ele não consegue, mesmo nos seus torneios estilísticos, elevar-se para além do limitado ponto de vista político
A revolução em geral - a derrocada do poder existente e a dissolução das velhas relações - é um ato político. Por isso, o socialismo não pode efetivar-se sem revolução. Ele tem necessidade desse ato político na medida em que tem necessidade da destruição e da dissolução. No entanto, logo que tenha início a sua atividade organizativa, logo que apareça o seu próprio objetivo, a sua alma, então o socialismo se desembaraça do seu revestimento político.

Ciências Sociais e Ciências da Religião

Curso: Pós-Graduação em Ciência das Religiões
Acesso ao Mestrado em Ciência das Religiões da Un. Lusófana
Disciplina: Metodologia do Trabalho Científico
Docente: Paulo Pinto Mendes
Discente: Silas Tavares e Sousa

Trabalho: Resumo do livro - Ciências Sociais e Ciência das Religiões
Polêmica e interlocuções
Autor – Marcelo Camurça - 1ª
Ed. – São Paulo: Paulina, 2008

Introdução

O livro, como o próprio subtítulo estampa: Polêmica e interlocuções, o autor deu um passeio pela emaranhada teia de aranha, e às vezes como numa embaraçada rede de pescador discorreu sobre uma das caçulas das ciências – “Ciência das Religiões, quando se depara com a Sociologia, Antropologia, Filosofia e Teologia. Como ele mesmo diz: “compondo o campo das chamadas “Ciências Sociais da Religião”.
De fato, o autor procura delinear, dar uma definição e colocar na árvore genealógica das ciências sociais a Ciência das Religiões. De uma vez por todas dar uma identidade própria. Não que ela, Ciência das Religiões, não seja uma ciência, mas da o entendimento que outras ciências da área social procurem sufocá-la.

Na verdade, é difícil desassociá-la da sociologia, por exemplo, pois esta, estuda o comportamento social e a religião está dentro da sociedade, em menor ou maior escala. Então este “conflito” vai ser um parceiro constante, mesmo nos tempos modernos quando eclode “Novos Movimentos Religiosos”, no Brasil e no mundo.

Capítulo I

No seu título, este capítulo já começa com uma indagação: “Ciência da religião, ciências da religião, ciências das religiões. Só por ai, já podemos perceber o quanto esta ciência é trabalhosa. É certo que existem dezenas ou centenas de religiões, mas o fenômeno é a religião. Então porque pluralizar a ciência ou religião? É claro, os estudiosos da área entendem que deve ser Ciência das Religiões. É certo, como já foi dito, há diversidade de religiões. O foco não são as religiões, mas o fenômeno religião. Por que a ciência não pode ser uma? Ou haveria uma ciência para cada religião?
Descreve o autor (p. 20/21): “A idéia de uma “Ciência da Religião”, em si, já provoca questionamentos do fenômeno religioso. O nome da disciplina sugeriria que um fenômeno empírico – histórico e cultural (também “espiritual”) – como o é a religião, exigiria uma ciência específica – a despeito do estoque variado das Ciências Humanas”. Assim da para se deduzir que a independência da ciência da religião é duradora, ou por ser caçula poderá, mais adiante, como esboça nesta obra, se emancipar.
Sobre Religião – religiões, na página 29, o ilustre cientista, Marcelo Camurça, cita autores Emile Durheim e Marcel Mauss como sendo “pais-fundadores de nossa disciplina” como pluralista, à época, desta ciência.
Ora, toda religião possui o seu credo, seu rito. Há um misto de cultura, história e, ate então, há que se falar propriamente dito, em uma Ciência para o fenômeno religião. Mesmo que esta, ainda caçula, continue na mesma moeda das ciências humanas e sociais.

Capítulo 2

Aqui tem a abordagem das Ciências Humanas e a Teologia, ambas, no sentido genérico atuam dentro do comportamento social. Esta última, a teologia, mais definida para um grupo social mais definido, ou pelo menos uma disciplina mais definida. Assevera o autor: “Como idéia matricial, penso que a(s) Ciência(s) da Religião no País nasce(m) e se desenvolve(m) confrontada(s) entre duas “linhas de força”: as Ciências Humanas e a Teologia”. Ele faz alusões ao Programa de Ciências Humanas da Religião da Universidade de Juiz de Fora/MG, que deveria focar o assunto religião com mais definição.
De outra forma, sublinha também a Teologia que influencia na estruturação dos Programas de Ciência(s) da Religião em instituições de ensino superior confessionais. Assim a Teologia não se sente confortável em ver outras ciências na área de ciências humanas intrometerem na sua área. Nesse ponto, o autor, com propriedade, cita : “Talvez nessas partículas, devesse ser tentada a “designação composta” de “Teologia e Ciências da Religião”, que Pye registra para o caso inglês, quando um programa de pós-graduação oferece os dois cursos paralelamente(Pey, 2001, p.15). Ora, se esta hipótese um dia for levada a efeito, poderia abrir precedentes, uma vez que outros ramos religiosos poderia avocar para si uma composição pertinente à sua área religiosa.
Estamos em tempos moderno onde a ciência, cultura e a religião também se modernizaram. No caso da religião, a sociedade parece que ficou saturada dos modelos tradicionais, então novas tendências e ordens religiosa despontam, algumas saindo de um mesmo tronco. Marcelo Camurça (p. 54/55, desta obra) dispara; “ O Brasil também se encontra atravessando por essas tendências hibridizantes, da multiplicidade de “encontras de culturas”, diz um estudioso – ressalvadas as características de cada período histórico – desde sua sociogênese (Sanchis, 1997). Neste sentido, não se pode falar entre nós de religiões animistas africanas sem recorrer à sua assimilação e sincretismo no candomblé e na umbanda (Batisde, 1971; Ortiz, 1999; Dantas 1998); tampouco podemos falar em “religiões cristãs”, em geral, depois do pentecostalismo à brasileira, tipo “Igreja Universal do Reino de Deus”, típico “produto de exportação” do Brasil para o mundo (Mafra,2002)”. Na inquietação social, a abertura do leque religioso se torna uma realidade.

Capítulo 3

Mostra inicialmente este capítulo, a preocupação com o método científico em Ciência das Religiões, onde vários autores “defendem a elaboração de um método unificado como constitutivo para nossa emergente área de conhecimento. Ainda nesta esteira, o autor cita Michael Pye, que faz coro com autores defensores na unificação, mas ressalva expressando do seguinte forma: “parece-me que em Michael Pey a questão é mais simplificada no seu projeto de constituição de um “estudo autônomo da religião” como “disciplina centrada em si mesma” (2001,PP 20,21). Para ele é “colocar entre parênteses [...] as reivindicações de verdade da religião em estudo” (2001, p. 27).
Segundo Camurça, a questão não é tão simples assim, pois, para um projeto unicista de Ciência das Religiões vai sempre esbarrar em pendências resultantes de “estrutura acadêmicas particularmente enraizadas (Pey 2001, p.26) que revelam uma “tensão entre valor religioso pressuposto da Teologia [e fenomenologia]) e reducionismo [...] implicado na explicação das Ciências Sociais) [e] entre localização sociocultural (enfatizada no trabalho de campo) e filologia “ (2001,P 18). Como se vê, Teologia e Ciência das Religiões estão na mesma moeda mas uma de cala lado.
Fala-se em “religiões concretas”, isto é, aquelas que têm como fonte a “experiência religiosa”, o que enseja que a Teologia deve ser tomada como dimensão própria, cujo objeto “religião” só pode ser “construído”, só pode emergir/irromper por intermédio de um método e teoria próprios (ou articulado interdisciplinarmente) e de suas instâncias de validação (Ciências Sociais, Histórias, Psicologia.) e dentro de contextos de realidade (psique, historicidade, sociocultural). Tenho a impressão de que não haverá um denominador comum, visto que as ciências humanas estão entrelaçadas e como tal a Ciência das Religiões.

Capítulo 4

Este capítulo vem intitulado com uma interrogação: “Pode-se falar de uma Antropologia da Religião dentro do Campo antropológico?”
Parece mesmo, que a antropologia seria a ciência mais adequada para adentrar no campo da religião. Mas a questão é de linguagem ou de interpretação, visto que a antropologia é mais exata do que a religião em si. A religião está pautada em crenças e tradições. É algo que, em primeiro momento vem de dentro para fora, é quase nato e tradicional. A Antropologia da Religião busca a cultura, a história, a crença, ritual. Tem mais liberdade, pois vai além da religião propriamente dito, uma vez que tem instrumentos de pesquisas próprios da antropologia; realça outros parâmetro e valores que desnudam a religião.
Pode até causar incomodo a antropologia na religião. A antropologia engloba todo o comportamento do homem, inclusive o lado religioso. Então a religião é mais um detalhe na malha da antropologia ou existe mesmo antropólogo da religião?
Marcelo Camurça, a propósito do subtítulo “A religião na modernidade e sua apropriação como disciplina pela Antropologia”, cita o seguinte trecho: “Na reflexão de Otavio Velho também podemos encontrar – de maneira indireta – pistas para uma postura “construcionista” da realidade da “religião” como objeto da Antropologia”. A sociedade se modernizou. A religião acompanhou esta modernidade?. A Antropologia tenta pelo menos explicar. E a Ciência das religiões, também não faria sua observação?
Na realidade, o campo é complexo, razão porque o autor expressa: “ Desta forma, fica demonstrada a importância crucial da “religião” na atualidade (que justifica, per se, um ramo da Antropologia voltado pra o fenômeno), mas só se pode visualizar a realidade dessa “religião” na confluência entre uma pluralidade de “experiências” e significados (símbolos, imaginários que tornam esse nome, religião, com também uma multiplicidade de realidade sociais, culturais, em que ela(s) se constrói(em) e que são construídos inspirados no significados produzidos por ela(s)”.

Capítulo 5

A primeira vista, dá a impressão que este capítulo tece assuntos relativos ao anterior quando traz o título: Em busca de “fundamentos para uma Antropologia da Religião. O autor, segundo ele mesmo, faz uso de sua experiência como docente da área de Antropologia da Religião, para discussão em torno dos fundamentos da antropologia da Religião.
Para ele não é fácil inserir a antropologia como disciplina que se relaciona com a religião, uma vez que aquela trabalha com dados mais reais, e a religião toca mais o abstrato. De fato, a religião é mais imaginaria, a não ser os ritos, simbologia e objetos de cultos. Como pode a antropologia tocar o confessional, colocar razão na fé? Daí o desconforto em adentrar nessa área.
Para trazer mais compreensão e acentuar a discussão Marcelo Camurça acrescenta: “Desta forma, gostaria de colocar, menos como questão de fundamento, mas como tema relevante da Antropologia da Religião, do ponto de vista teórico, justamente a relação entre a Antropologia e a religião. Começo por ressaltar o que penso ser uma afinidade mas também aporia, que constitui a relação entre Antropologia, ciência que busca a compreensão da alteridade “nos seus próprios termos”, e a religião, exemplo dessa alteridade por excelência, e por isso tema muito caro da Antropologia, mas que, no entanto, se define cercada por uma irredutibilidade a interpretação ‘exterior a ela.
De outra feita, o escritor faz alusão a Rita Segato, quando ela diz “em artigo em que expõe a pretensão antropológica de compreender “por dentro” o universo da religião, por meio do relativismo (operação pela qual se desconstrói tudo o que é tomado como “dado” e se legitima como “construção” a variedade das criações humanas) e a crença religiosa que somente pode ser experimentada pelo crente fiel como absoluta (1992,PP. 114-35).
Por outro lado, a modernidade e a secularização, segundo Camurça, trazem um abrandamento nas possíveis arestas causadas pela “guerra fundante”, uma vez que a religião tem dificuldade de explicar fatos comprovadamente científicos. Agora se fala em indiferença ou tolerância mutua em bases pragmáticas. Graças a “Cientistas e religiosos descobrirem que o estudo da religião enquanto fenômeno social/cultural não conduz ao seu desmoronamento e extinção”.
A despeito de tudo isso, quando o estudo ou a pesquisa tem o pendor de uma crença, “torna-se nativo”. Não chega a ser uma “distorção”, mas o foco pode se inclinar para uma “empatia e proximidade com a temática religiosa onde o autor deixa claro que dificilmente haverá um conceito único, chegando a dizer que as “interpretações das interpretações” que tanto a Antropologia e as Ciências Sociais fazem em cima das “interpretações” “religiosas enquanto discursos equivalentes, possam interagir e falar do outro, cada um do seu ponto de vista, mas sempre abertos a incorporações mutuas, que segundo Otavio Velho, “tanto pode ser fonte de desconforto, quanto de iluminação” (1998, p 12).

Capítulo 6

Novos Movimentos Religiosos – Entre o secular e o sagrado.

Estamos vivendo em tempos modernos. Parece que o futuro chegou, ou nunca vai chegar, ou que está sempre presente, dado o avanço célere da tecnologia e da ciência. A sociedade não ficou para traz. É bem verdade, que no universo de pessoas, dada a posição geográfica, o futuro, a modernidade ainda não deu a sua face. Ou quando então só a tecnologia bélica paira nesses rincões.
Há muito se vem desenhando a transformação social. A globalização e a secularização aceleraram a modernidade e afetou o comportamento social. A tecnologia criou necessidades e o tempo do homem moderno está preenchido, não há vazio. Com isso não quer dizer que a religião ficou de fora. Marcelo Camurça assevera nesta obra: “Contudo, neste alvorecer de um novo milênio, no mundo e no Brasil, a eclosão dos chamados “Novos Movimentos Religiosos”, dos movimentos místicos, dos “neo-esoterismos” e da “new age”, além da revivescência de tradições e fundamentos, no seio das religiões institucionalizadas, parece levantar desafios interpretativos e classificatórios aos estudiosos da religião e da realidade sociocultural contemporânea.
O ser humano continua religioso, a religião está sempre presente. O sagrado e profano estão no mesmo contexto, mas aquele parece emergir com mais força, “o boon, neste começo de era, de elementos sagrados e mágicos: rituais xamânticos e iniciáticos, práticas mágicas, utilização de objetos dotados de poderes (cristais, pirâmides), comunicação com entidades espirituais (transe, channeling), contatos com seres extraterrestres, crença em seres mágicos (espíritos, anjos, fadas, gnomos, duendes), “batismo no Espírito”, glossolalia, exorcismo, curas espirituais por imposição de mãos. Observa-se também que o conhecimento, a razão, e o livre arbítrio, o homem ficou mais independente. Não restam dúvidas que determinados fenômenos religiosos causam curiosidades. Quanto ao batismo no Espírito, no ano de 1906, mais precisamente na Rua Azusa,312, em Los Angeles/EUA, ocorreu um movimento “pentecostal” onde milhares de pessoas receberam o “batismo no Espírito, ocorrendo também o fenômeno glossolalia. Este fenômeno chegou ao Brasil em 1911, no Estado do Para.
Fala-se em “Novos Movimentos Religiosos”, talvez para disfarçar o que alguns autores colocam como declínio da religião. Ela, a religião, está intrínseca na sociedade. Ora sempre haverá novos movimentos religiosos. As novas gerações serão responsáveis e darão novas vestes a religião que, como acessório social, estará sempre presente no homem.

Capítulo 7

Neste Capítulo, intitulado – “Da boa e da má vontade para com a religião nos cientistas sociais da religião brasileiros”, o doutor Marcelo Camurça faz comentários sobre um artigo produzido pelo sociólogo Antonio Flavio Pierucci, no qual este “busca realizar um “balanço bibliográfico [...] dos estudos antropológicos e sociológicos sobre religião no Brasil”. (Pierucci,1999,p. 250), que na realidade, segundo Camurça, trata-se de um “exercício crítico de “sociologia da Sociologia da Religião” (p.246).
Para Pierucci a área da Sociologia da Religião se constituiu como “impuramente acadêmica”, carente de credibilidade cientifica perante as Ciências Sociais (Pierucci,1999,p.245) devido à presença em seu meio de “religiosos praticantes” e “profissionais da religião” que movidos por “interesses religiosos” – motivações pastorais, orientações eclesiásticas -, comprometem a “esfera intelectual autônoma” do labor científico com uma contaminação religiosa da prática intelectual, que redunda no “sacrifício do intelecto que toda religião implica e requer” (p. 247). Segundo deixou transparecer, tem o objetivo de valorizar a religião.
O entendimento de Camurça é que o estudo de Pierucci deixa transluzir que há o “envolvimento “afetivo-existencial” destes” “sociólogos-da-religião-religiosamente-comprometidos” (p.250). O campo da sociologia é quase infinito, não tem como se fazer afirmações exatas, principalmente na área da religião que tem um leque muito abrangente. É claro e evidente, que cada cientista ou estudiosos da área quer valorizar o seu trabalho. Fala-se até em “Desprestígio acadêmico” ou questão de “mudança de paradigmas”, como interrogação.
O Brasil, desde a sua colonização, teve ou sofreu uma forte tendência religiosa, principalmente no cristianismo. E com o advento da escravatura de “mão-de-obra” africana, o movimento religioso afro ascendeu neste País. Sempre haverá sociólogos, antropólogos e outras ciências afins “afetivo-existenciais”.

Conclusão

O comportamento do ser humano é complexo e em sociedade mais ainda. Não é de admirar a complexidade das Ciências Humanas, um conglomerado de “ciências” só voltado para ele, o ser humano. Neste edifício das ciências humanas Antropologia, Sociologia, Direito, Filosofias, Teologia, História e outras afins, surge a Ciência das Religiões, e o que se observa, é que nenhuma delas podem sobreviver isoladas, haverá sempre uma interdependência.
Parece que a Ciência das Religiões conflita ou se aproxima mais da teologia ou como disse o cientista Marcelo Camurça, comentando o estude de Pierucci: “o envolvimento “afetivo-existencial” destes “sociólogos-da-religião-religiosamente-comprometidos”. Falou-se até em Antropologia da Religião. Será que podemos expressar em interferência ou necessidade de se fazer estudos mais conclusivos ou cientificamente mais acabado ou exato? O certo é que a Ciência das Religiões é uma realidade. Está consolidada e já é parte integrante do edifício das ciências humanas.


Brasília-DF, 09 de outubro de 2009


Fonte:.http://www.cienciadasreligioes.eu/
Silas Tavares e Sousa

quinta-feira, 31 de março de 2011

Glosas Críticas. Texto para fichamento.

Glosas Críticas Marginais ao Artigo
"O Rei da Prússia e a Reforma Social". De um prussiano.

Karl Marx

7 de Agosto de 1844


Primeira Edição: Vorwärts, nºº 63, sete de agosto de 1844
Fonte: Revista Praxis, n. 5, Belo Horizonte: Projeto Joaquim de Oliveira, 1995.
Tradução de: Ivo Tonet.
Transcrição: gentilmente cedida por Sérgio Coutinho.
HTML por José Braz para The Marxists Internet Archive.

O jornal Vorwärts, nº 60, contém um artigo intitulado: O rei da Prússia e a reforma social, assinado: "Um prussiano".
O assim chamado prussiano começa referindo-se ao conteúdo da ordem do gabinete do rei da Prússia sobre a insurreição dos trabalhadores silesianos e à opinião do jornal francês La Refórme sobre a ordem do gabinete prussiano.
La Refórme entende que a ordem do gabinete foi motivada pelo "terror e pelo sentimento religioso"" do rei. E até descobre nesse documento o pressentimento das grandes reformas que ameaçam a sociedade civil. O "prussiano" ensina ao Refórme nestes termos: 
"O rei e a sociedade alemã não chegaram ainda ao pressentimento de sua reforma" e menos ainda as insurreições silesiana e boêmia deram origem a tal sentimento. É impossível, para um país não-político como a Alemanha, compreender que a miséria parcial dos distritos industriais é uma questão geral e muito menos que representa um problema para o conjunto da sociedade. Para os alemães, esse acontecimento tem o mesmo caráter de qualquer seca ou carestia local. Por isso o rei o considera como um defeito de administração ou de assistência. Por esse motivo e também porque bastaram poucos soldados para liquidar os frágeis tecelões, a demolição das fábricas e das máquinas não incute "terror", nem ao rei, nem às autoridades. Além do mais, a ordem do gabinete nem sequer foi ditada pelo sentimento religioso: trata-se de uma sóbria expressão da arte política cristã e de uma doutrina que não deixa subsistir nenhuma dificuldade diante do seu único remédio, "a boa disposição dos corações cristãos". Miséria e crime são duas grandes calamidades: quem poderá repará-las? O Estado e as autoridades? Não, mas, ao contrário, a união de todos os corações cristãos".
O suposto prussiano nega o "terror" do rei, entre outras coisas, porque bastaram poucos soldados para liquidar os frágeis tecelões.
Ora, em um país no qual banquetes com brindes liberais e espuma liberal de champanhe - lembre-se a festa de Dusserdorf - provocam uma ordem do gabinete real pela qual não houve necessidade de um só soldado para acabar com os anseios de liberdade de imprensa e de constituição de toda a burguesia liberal; em um país em que a obediência passiva está na ordem do dia; em um tal país não seria um acontecimento e um acontecimento aterrorizante ter que recorrer à força armada? Considere-se ainda o fato de que os frágeis tecelões saíram vencedores no primeiro choque. Apenas mediante consideráveis reforços de tropas é que foram vencidos. A revolta de uma massa de trabalhadores é por acaso menos perigosa pelo fato de não ser necessário um exército para sufocá-la? Que o inteligente prussiano compare a revolta dos tecelões silesianos com as revoltas dos operários ingleses e os tecelões silesianos lhe parecerão tecelões fortes.
Partindo da relação geral da política com os males sociais, poderemos esclarecer porque a revolta dos tecelões não podia infundir nenhum "terror" particular ao rei. Por ora seja suficiente isto: a revolta não era dirigida diretamente contra o rei da Prússia, mas contra a burguesia. Como aristocrata e monarca absoluto, o rei da Prússia não pode amar a burguesia; menos ainda se pode aterrorizar se a sua submissão e a sua impotência forem acrescidas de relações tensas e difíceis com o proletariado. Além do mais: o católico ortodoxo é mais hostil ao protestante ortodoxo do que ao ateu, assim como o legitimista é mais hostil ao liberal do que ao comunista. Não porque o ateu e o comunista tenham mais afinidade com o católico e o legitimista, mas porque eles são mais estranhos do que o protestante e o liberal, uma vez que se situam do lado de fora do seu círculo. Enquanto homem político, o rei da Prússia tem, na política, o seu antagonista direto no liberalismo. Para o rei, o antagonismo com o proletariado existe tão pouco quão pouco o rei existe para o proletariado. O proletariado já deveria ter alcançado uma força decisiva para sufocar as antipatias, os antagonismos e atrair sobre si a total hostilidade da política. Por último: para o bem conhecido caráter do rei, desejoso de coisas interessantes e significativas, devia constituir de fato uma surpresa agradavelmente excitante o fato de encontrar no seu território aquele "interessante" e "tão falado" pauperismo, e com isso uma ocasião para fazer com que falassem novamente de si. Como deve ter-lhe sido agradável a notícia de que ele já possuía o seu "próprio" real pauperismo prussiano.
O nosso "prussiano" é ainda mais infeliz quando nega que o "sentimento religioso" seja a fonte da ordem do gabinete real. Por que o sentimento religioso não é a fonte dessa ordem de gabinete? Porque é "uma muito sóbria expressão da arte política cristã", uma "sóbria" expressão da doutrina que "diante do seu único remédio, a boa disposição dos corações cristãos, não deixa subsistir nenhuma dificuldade".
O sentimento religioso não é a fonte da arte política cristã? Não se funda no sentimento religioso uma doutrina que possui o seu remédio na boa disposição dos corações cristãos? Uma expressão sóbria do sentimento religioso deixa de ser uma expressão do sentimento religioso muito cheio de si, muito apaixonado aquele que procura o "remédio para os grandes males" na "união dos corações cristãos", negando-o ao "Estado e às autoridades". É um sentimento religioso muito apaixonado aquele que - segundo admite o "prussiano" - particulariza todo o mal na falta de sentido cristão, remetendo as autoridades ao único meio para reforçar este sentido, à "exortação". A disposição cristã é, segundo o "prussiano", o objetivo da ordem do gabinete. É claro que, quando não é sóbrio, ele se considera o único bem. Lá onde descobre males, ele os atribui à sua ausência, uma vez que, se é o único bem, também é somente ele que pode produzir o bem. A ordem do gabinete, ditada pelo sentimento religioso, dita por sua vez, como conseqüência, o sentimento religioso. Um político com sentimento religioso sóbrio, na sua "perplexidade", nunca procuraria o seu "auxílio" na "exortação do piedoso pregador ao sentimento cristão".
Como demonstra, então, o suposto prussiano, ao Réforme, que a ordem do gabinete não é uma emanação do sentimento religioso? Apresentando sempre a ordem do gabinete como uma emanação do sentimento religioso. Pode-se esperar que uma mente tão ilógica seja capaz de penetrar nos acontecimentos sociais? Ouçamos um pouco as suas conversas sobre as relações da sociedade alemã com o movimento dos trabalhadores e com a reforma social em geral.
Distingamos aquilo que o "prussiano" negligencia, distingamos as diferentes categorias que são compreendidas na expressão "sociedade alemã": governo, burguesia, imprensa, enfim os próprios trabalhadores. Essas são as diferentes massas todas juntas e, todas em massa. Para ele, a sociedade alemã nem sequer chegou ainda a pressentir a sua reforma.
Por que lhe falta esse instinto?
"Num país não-político como a Alemanha", responde o prussiano, "é impossível compreender que a miséria parcial dos distritos industriais é uma questão geral e menos ainda que é um dano para o conjunto da sociedade. Para os alemães, o acontecimento tem o mesmo caráter de qualquer seca ou carestia local. Por isso, o rei o considera como um 'defeito de administração e de assistência'."
O "prussiano" explica então essa concepção invertida da miséria dos trabalhadores, através da peculiaridade de um país não-político.
Admitir-se-á que a Inglaterra seja um país político. Admitir-se-á, além do mais, que a Inglaterra seja o país do pauperismo; a própria palavra é de origem inglesa. Por isso, o exame da Inglaterra é a experiência mais segura para conhecer-se a relação de um país político com o pauperismo. Na Inglaterra, a miséria dos trabalhadores não é parcial, mas universal; não se limita aos distritos industriais, mas se estende aos agrícolas. Aqui, os movimentos não estão numa fase inicial, mas acontecem periodicamente há quase um século.
Como, então, concebem o pauperismo a burguesia inglesa e o governo e a imprensa a ela ligados?
Na medida em que a burguesia inglesa admite que o pauperismo é uma responsabilidade da política, o whig considera o tory e o tory o whig a causa do pauperismo. Segundo o whig, o monopólio da grande propriedade fundiária e a legislação protecionista contra a importação de cereais são a fonte principal do pauperismo. Segundo o tory, todo o mal reside no liberalismo, na concorrência, no exagerado desenvolvimento industrial. Nenhum dos partidos encontra a causa na política em geral, pelo contrário, cada um deles a encontra na política do partido adversário; porém, ambos os partidos sequer sonham com uma reforma da sociedade.
A expressão mais clara da interpretação inglesa do pauperismo - referimo-nos sempre às opiniões da burguesia inglesa e do governo inglês - é a economia política inglesa, isto é, o reflexo científico da situação econômica nacional inglesa.
Um dos melhores e mais famosos economistas ingleses, que conhece a situação atual e deve ter uma visão de conjunto do movimento da sociedade burguesa, um discípulo do cínico Ricardo, MacCulloch, ousa ainda aplicar à economia política, numa preleção pública, em meio a manifestações de aplauso, aquilo que Bacon diz da filosofia:
"O homem que, com verdadeira e infatigável sabedoria, suspenda o seu juízo, progrida pouco a pouco e supere um depois do outro os obstáculos que impedem como montanhas o curso dos estudos, atingirá com o tempo o cume da ciência, onde se goza a paz e o ar puro, onde a natureza se expõe diante dos olhos em toda a sua beleza e onde, por meio de uma senda em cômodo declive, pode-se descer até os últimos detalhes da prática".
Bom ar puro a atmosfera pestilencial das habitações nos pardieiros ingleses! Grande beleza da natureza os fantasiosos trapos com que se vestem os pobres ingleses e a carne mirrada e enrugada das mulheres roídas pelo trabalho e pela miséria; as crianças que jazem no esterco; os abortos provocados pelo excesso de trabalho no uniforme mecanismo das fábricas! E os graciosíssimos últimos detalhes da prática: a prostituição, o crime e a forca!
Até mesmo aquela parte da burguesia inglesa que está consciente do perigo do pauperismo concebe este perigo, como também os meios para repará-lo, não apenas de forma particular, mas, para dizê-lo sem rodeios, de forma infantil e sem graça.
Assim, por exemplo, o doutor Kay, no seu opúsculo Recent measures for he promotion of education in England, reduz tudo a uma educação descuidada. Adivinhe-se por que motivo! Com efeito, por falta de educação o que o reduzem necessariamente ao pauperismo. Daí a sua rebelião. Isto pode "perturbar a prosperidade das manufaturas inglesas e do comércio inglês, abalar a confiança recíproca dos homens de negócios, diminuir a estabilidade das instituições políticas e sociais".
A tal ponto chega a desconsideração da burguesia inglesa e de sua imprensa pelo pauperismo, por esta epidemia nacional da Inglaterra.
Admitamos, porém, que sejam fundadas as recriminações que o nosso "prussiano" faz à sociedade alemã. Será que o motivo reside na situação não-política da Alemanha? Conduto, se a burguesia da não-política Alemanha é incapaz de tomar consciência da importância universal de uma miséria parcial, a burguesia da política Inglaterra é capaz de desconhecer a importância universal de uma miséria universal, de uma miséria que evidenciou a sua importância universal, tanto através do seu retorno periódico no tempo como através da sua difusão no espaço e também através do fracasso de todas as tentativas de remediá-la.
O "prussiano" atribui ainda à situação não-política da Alemanha o fato de que o rei da Prússia encontre a causa do pauperismo numa falha de administração e de assistência, os meios contra o pauperismo.
Por acaso, será exclusivo do rei da Prússia este modo de ver? Dê-se uma rápida olhada à Inglaterra, o único país no qual se pode falar de uma grande ação política contra o pauperismo.
A atual legislação inglesa sobre a pobreza data da lei contida no Ato 43 do governo de Elisabeth. Em que consistem os meios desta legislação? Na obrigação imposta às paróquias de socorrer os seus trabalhadores pobres, no imposto para os pobres, na beneficiência legal. Essa legislação - a assistência por via administrativa - durou três séculos. Depois de longas e dolorosas experiências, quais são as posições do parlamento no seu Amendment Bill de 1834?
Antes de mais nada, o assustador aumento do pauperismo é atribuído a uma "falha de administração".
Por isso, a administração do imposto para os pobres, constituída por empregados das respectivas paróquias, é reformulada. São constituídas Uniões de cerca de vinte paróquias, unidas em uma única administração. Um comitê de funcionários - Board of Guardians - eleitos pelos contribuintes, reúne-se em um determinado dia na sede da União e avalia os pedidos de subsídio. Esses comitês são dirigidos e supervisionados por delegados do governo, da Comissão Central da Somerset House, o ministério do pauperismo, segundo a precisa definição de um francês. O capital de que essa administração cuida quase equivale à soma que a administração militar custa na França. O número de administrações locais que dependem dela chega a quinhentas e cada uma dessas administrações locais, por sua vez, ocupa, pelo menos, doze funcionários.
O parlamento inglês não se limitou à reforma formal da administração.
Segundo ele, a causa principal da grave situação do pauperismo inglês está na própria lei relativa aos pobres. A assistência, o meio legal contra o mal social, acaba favorecendo-o. E quanto ao pauperismo em geral seria, de acordo com a teoria de Malthus, uma eterna lei da natureza:
"Uma vez que a população tende a superar incessantemente os meios de subsistência, a assistência é uma loucura, um estímulo público a miséria. Por isso, o Estado nada mais pode fazer do que abandonar a miséria ao seu destino e, no máximo, tornar mais fácil a morte dos pobres".
A essa filantrópica teoria, o parlamento inglês agrega a idéia de que o pauperismo é a miséria da qual os próprios trabalhadores são culpados, e ao qual portanto não se deve prevenir como uma desgraça, mas antes reprimir e punir como um delito.
Surgiu, assim, o regime das workhouses, isto é, das casas dos pobres, cuja organização interna desencoraja os miseráveis de buscar nelas a fuga contra a morte pela fome. Nas workhouses, a assistência é engenhosamente entrelaçada com a vingança da burguesia contra o pobre que apela à sua caridade. 
Como se vê, a Inglaterra tentou acabar com o pauperismo primeiramente através da assistência e das medidas administrativas. Em seguida, ela descobriu, no progressivo aumento do pauperismo, não a necessária conseqüência da indústria moderna, mas antes o resultado do imposto inglês para os pobres. Ela entendeu a miséria universal unicamente como uma particularidade da legislação inglesa. Aquilo que, no começo, fazia-se derivar de uma falta de assistência, agora se faz derivar de um excesso de assistência. Finalmente, a miséria é considerada como culpa dos pobres e, deste modo, neles punida.
A lição geral que a política Inglaterra tirou do pauperismo se limita ao fato de que, no curso do desenvolvimento, apesar das medidas administrativas, o pauperismo foi configurando-se como uma instituição nacional e chegou por isso, inevitavelmente, a ser objeto de uma administração ramificada e bastante extensa, uma administração, no entanto, que não tem mais a tarefa de eliminá-lo, mas, ao contrário, de discipliná-lo. Essa administração renunciou a estancar a fonte do pauperismo através de meios positivos; ela se contenta em abrir-lhe, com ternura policial, um buraco toda vez que ele transborda para a superfície do país oficial. Bem longe de ultrapassar as medidas de administração e de assistência, o Estado inglês desceu muito abaixo delas. Ele já não administra mais do que aquele pauperismo que, em desespero, deixa agarrar-se e prender-se.
Até agora, portanto, o "prussiano" não mostrou nada de particular no comportamento do rei da Prússia. Mas, por que, exclama o rei com rara ingenuidade: "Por que o rei da Prússia não determina imediatamente a educação de todas as crianças abandonadas? Por que se dirige antes às autoridades, esperando seus planos e projetos?"
O inteligentíssimo prussiano se tranqüilizará quando souber que o rei da Prússia é, nisso, tão pouco original quanto o é no resto das suas ações e que, pelo contrário, trilhou o único caminho que o chefe de um Estado pode trilhar.
Napoleão queria acabar de um golpe com a mendicância. Encarregou as suas autoridades de preparar planos para a eliminação da mendicância em toda a França. O projeto demorava: Napoleão perdeu a paciência, escreveu ao seu ministro do interior, Crétet, e lhe ordenou que destruísse a mendicância dentro de um mês, dizendo:
"Não se deve passar sobre a terra sem deixar traços que relembrem à posteridade a nossa memória. Não me peçam mais três ou quatro meses para receber informações; vocês têm funcionários jovens, prefeitos inteligentes, engenheiros civis bem preparados, ponham ao trabalho todos eles; não fiquem modorrando no costumeiro trabalho de escritório".
Em poucos meses tudo estava terminado. No dia cinco de julho de 1808 foi promulgada a lei que reprime a mendicância. Como? Por meio dos depósitos, que se transformaram em penitenciárias com tanta rapidez que bem depressa o pobre chegava aí exclusivamente pela estrada do tribunal da polícia correcional. E, no entanto, naquele tempo, o senhor Noailles du Gard, membro do corpo legislativo, exclamava:
"Reconhecimento eterno ao herói que assegura à necessidade um lugar de refúgio e à miséria os meios de subsistência. A infância não será mais abandonada, as famílias pobres não serão mais privadas de recursos, nem os operários de estímulo e ocupação. Nos pas ne seront plus arrêtés par l'image dégoûtante des infirmités et de la honteuse misère".
O último cínico período é a única verdade desse panegírico.
Mas, se Napoleão se dirigia ao discernimento dos seus funcionários, prefeitos e engenheiros, por que não o rei da Prússia às suas autoridades?
Por que Napoleão não ordenou a imediata supressão da mendicância? O mesmo valor tem a pergunta do "prussiano": Por que o rei da Prússia não determina a imediata educação de todas as crianças abandonadas? Sabe o "prussiano" o que o rei da Prússia deveria determinar? Nada menos que a eliminação do proletariado. Para educar as crianças, é preciso alimentá-las e liberá-las da necessidade de trabalhar para viver. Alimentar e educar as crianças abandonadas, isto é, alimentar e educar todo o proletariado que está crescendo, significaria eliminar o proletariado e o pauperismo.
A Convenção teve, por um momento, a coragem de determinar a eliminação do pauperismo, não certamente "de modo imediato", como o "prussiano" exigiria do seu rei, mas depois de haver encarregado o seu Comitê de Salvação Pública de elaborar os planos e as propostas necessários, e depois que esse utilizou os amplos levantamentos da Assembléia Constituinte sobre as condições da miséria na França e propôs, através de Barère, a fundação do Livre de la bienfaisance nationale etc.. Qual foi a conseqüência da determinação da Convenção? Que houvesse uma determinação a mais no mundo e que um ano depois mulheres esfomeadas cercassem a Convenção.
E, no entanto, a Convenção era o máximo da energia política, da força política, e do intelecto político.
Assim, de modo imediato, sem um acordo com as autoridades, nenhum governo do mundo tomou medidas a respeito do pauperismo. O parlamento inglês chegou até a mandar, a todos os países da Europa, comissários para conhecer os diferentes remédios administrativos contra o pauperismo. Porém, por mais que os Estados tivessem se ocupado do pauperismo, sempre se ativeram a medidas de administração e de assistência, ou, ainda mais, desceram abaixo da administração e da assistência.
Pode o Estado comportar-se de outra forma?
O Estado jamais encontrará no "Estado e na organização da sociedade" o fundamento dos males sociais, como o "prussiano" exige do seu rei. Onde há partidos políticos, cada um encontra o fundamento de qualquer mal no fato de que não ele, mas o seu partido adversário, acha-se ao leme do Estado. Até os políticos radicais e revolucionários já não procuram o fundamento do mal na essência do Estado, mas numa determinada forma de Estado, no lugar da qual eles querem colocar uma outra forma de Estado.
O Estado e a organização da sociedade não são, do ponto de vista político, duas coisas diferentes. O Estado é o ordenamento da sociedade. Quando o Estado admite a existência de problemas sociais, procura-os ou em leis da natureza, que nenhuma força humana pode comandar, ou na vida privada, que é independente dele, ou na ineficiência da administração, que depende dele. Assim, a Inglaterra acha que a miséria tem o seu fundamento na lei da natureza, segundo a qual a população supera necessariamente os meios de subsistência. Por um outro lado, o pauperismo é explicado como derivando da má vontade dos pobres, ou, de acordo com o rei da Prússia, do sentimento não cristão dos ricos, e, segundo a Convenção, da suspeita disposição contra-revolucionária dos proprietários. Por isso, a Inglaterra pune os pobres, o rei da Prússia admoesta os ricos e a Convenção guilhotina os proprietários.
Finalmente, todos os Estados procuram a causa em deficiências acidentais intencionais da administração e, por isso, o remédio para os seus males em medidas administrativas. Por que? Exatamente porque a administração é a atividade organizadora do Estado.
O Estado não pode eliminar a contradição entre a função e a boa vontade da administração, de um lado, e os seus meios e possibilidades, de outro, sem eliminar a si mesmo, uma vez que repousa sobre essa contradição. Ele repousa sobre a contradição entre vida privada e pública, sobre a contradição entre os interesses gerais e os interesses particulares. Por isso, a administração deve limitar-se a uma atividade formal e negativa, uma vez que exatamente lá onde começa a vida civil e o seu trabalho, cessa o seu poder. Mais ainda, frente à conseqüências que brotam da natureza a-social desta vida civil, dessa propriedade privada, desse comércio, dessa indústria, dessa rapina recíproca das diferentes esferas civis, frente a estas conseqüências, a impotência é a lei natural da administração. Com efeito, esta dilaceração, esta infâmia, esta escravidão da sociedade civil, é o fundamento natural onde se apoia o Estado moderno, assim como a sociedade civil da escravidão era o fundamento no qual se apoiava o Estado antigo. A existência do Estado e a existência da escravidão são inseparáveis. O Estado antigo e a escravidão antiga - fracas antíteses clássicas - não estavam fundidos entre si mais estreitamente do que o Estado moderno e o moderno mundo de traficantes, hipócritas antíteses cristãs. Se o Estado moderno quisesse acabar com a impotência da sua administração, teria que acabar com a atual vida privada. Se ele quisesse eliminar a vida privada, deveria eliminar a si mesmo, uma vez que ele só existe como antítese dela. Mas nenhum ser vivo acredita que os defeitos de sua existência tenham a sua raiz no princípio da sua vida, na essência da sua vida, mas, ao contrário, em circunstâncias externas à sua vida. O suicídio é contra a natureza. Por isso, o Estado não pode acreditar na impotência interior da sua administração, isto é, de si mesmo. Ele pode descobrir apenas defeitos formais, casuais, da mesma, e tentar remediá-los. Se tais modificações são infrutíferas, então o mal social é uma imperfeição natural, independente do homem, uma lei de Deus, ou então a vontade dos indivíduos particulares é por demais corrupta para corresponder aos bons objetivos da administração. E quem são esses pervertidos indivíduos particulares? São os que murmuram contra o governo sempre que ele limita a liberdade e pretendem que o governo impeça as conseqüências necessárias dessa liberdade.
Quanto mais poderoso é o Estado e, portanto, quanto mais político é um país, tanto menos está disposto a procurar no princípio do Estado, portanto no atual ordenamento da sociedade, do qual o Estado é a expressão ativa, autoconsciente e oficial, o fundamento dos males sociais e a compreender-lhes o princípio geral. O intelecto político é político exatamente na medida em que pensa dentro dos limites da política. Quanto mais agudo ele é, quanto mais vivo, tanto menos é capaz de compreender os males sociais. O período clássico do intelecto político é a Revolução francesa. Bem longe de descobrir no princípio do Estado a fonte dos males sociais, os heróis da Revolução Francesa descobriram antes nos males sociais a fonte das más condições políticas. Deste modo, Robespierre vê na grande miséria vê na grande miséria e na grande riqueza um obstáculo à democracia pura. Por isso, ele quer estabelecer uma frugalidade espartana geral. O princípio da política é a vontade. Quanto mais unilateral, isto é, quanto mais perfeito é o intelecto político, tanto mais ele crê na onipotência da vontade e tanto mais é cego frente aos limites naturais e espirituais da vontade e, consequentemente, tanto mais é incapaz de descobrir a fonte dos males sociais. Não é preciso argumentar mais contra a insensata esperança do "prussiano", segundo a qual o "intelecto político" é chamado a descobrir as raízes da miséria social na Alemanha.
Foi loucura não somente exigir do rei da Prússia um poder que nem a Convenção e Napoleão juntos tiveram; foi loucura exigir dele um modo de ver do qual o inteligente "prussiano" está pelo menos tão longe quanto o seu rei. Toda essa declaração foi ainda mais insensata na medida em que o "prussiano" nos confessa:
"As boas palavras e as boas disposições são baratas, o que é caro são a perspicácia e as ações eficazes; neste caso, elas são mais do que caras, estão muito longe da possibilidade de efetivação".
Se estão muito longe da possibilidade de efetivação, imagine-se quem, então, a partir daí tentar alcançar o possível. No mais, deixo a critério do leitor julgar se, neste caso, a linguagem mercantil, de cigano, na base do "barato", "caro", "mais do que caro", "longe da possibilidade de efetivação", possa ser incluída na categoria das "boas palavras" e das "boas disposições".
Suponhamos, porém, que as observações do "prussiano" sobre o governo alemão e sobre a burguesia alemã - esta última está, sem dúvida, compreendida na sociedade alemã - tenham pleno fundamento. Será que essa parte da sociedade é mais irrefletida na Alemanha do que na Inglaterra ou na França? Pode-se ser mais irrefletido do que na Inglaterra, onde a irreflexão foi erigida em sistema? Se, hoje, em toda a Inglaterra pipocam manifestações de trabalhadores, é porque a burguesia e o governo locais não estão hoje mais lúcidos do que no último trintênio do século dezoito. Seu único juízo é a força material e uma vez que a força material decresce na mesma medida em que cresce a extensão do pauperismo e a consciência do proletariado, do mesmo modo aumenta, em proporção geométrica, a irreflexão inglesa.
Enfim é falso, efetivamente falso, que a burguesia alemã desconheça inteiramente a importância geral da revolta silesiana. Em várias cidades, os mestres artesãos procuram associar-se aos aprendizes. Todos os jornais liberais, os órgãos da burguesia liberal, estão repletos de referências à organização do trabalho, à reforma da sociedade, à crítica aos monopólios e à concorrência etc.. Tudo isso em conseqüência dos movimentos dos trabalhadores. Os jornais de Tréveris, Aquisgrana, Colônia, Wesel, Mannheim, Breslau e até de Berlim trazem freqüentemente artigos sociais facilmente compreensíveis, dos quais o "prussiano" pode até aprender alguma coisa. Mais ainda, em cartas da Alemanha se exprime constantemente o espanto diante da fraca resistência da burguesia contra as tendências e idéias sociais.
O prusiano - se tivesse maior familiaridade com a história dos movimentos sociais - teria formulado a sua pergunta ao contrário. Por que também a burguesia alemã vê na miséria parcial uma miséria relativamente tão universal? De onde provém a animosidade e o cinismo da burguesia política, de onde provém a falta de resistência e as simpatias da burguesia não-política para com o proletariado?
Vamos agora aos oráculos do "prussiano" sobre os trabalhadores alemães.
"Os Alemães pobres", graceja, "não são mais inteligentes do que os pobres alemães, quer dizer, não enxergam nada além do seu lar, da sua fábrica, do seu distrito; até agora toda a questão está ainda abandonada pela alma política que penetra em tudo".
Para poder comparar a situação dos trabalhadores alemães com a situação dos trabalhadores franceses e ingleses, o "prussiano" deveria comparar a primeira etapa, o início do movimento dos trabalhadores franceses e ingleses com o movimento alemão que começou agora. Mas ele negligencia isto. Deste modo, o seu raciocínio cai em obviedades, como essa de que a indústria na Alemanha ainda não está tão desenvolvida como na Inglaterra, ou então de que um movimento no seu início se apresenta diferente do que numa etapa posterior. Ele gostaria de falar das particularidades do movimento dos trabalhadores alemães. No entanto, não diz uma palavra a respeito desse assunto.
Que o "prussiano" se situe, pois, do ponto de vista correto. Verá que nenhuma das revoltas dos operários franceses e ingleses teve um caráter tão teórico e consciente como a revolta dos tecelões silesianos.
Lembre-se, antes de mais nada, a canção dos tecelões, aquela audaz palavra-de-ordem de luta na qual lar, fábrica e distrito não são mencionados uma vez sequer e na qual, pelo contrário, o proletariado proclama, de modo claro, cortante, implacável e poderoso, o seu antagonismo com a sociedade da propriedade privada. A revolta silesiana começa exatamente lá onde terminam as revoltas dos trabalhadores franceses e ingleses, isto é, na consciência daquilo que é a essência do proletariado. A própria ação traz este caráter superior. Não só são destruídas as máquinas, essas rivais do trabalhador, mas também os livros comerciais, os títulos de propriedade, e enquanto todos os outros movimentos se voltavam primeiramente contra o senhor da indústria, o inimigo visível, este movimento volta-se também contra o banqueiro, o inimigo oculto. Enfim, nenhuma outra revolta de trabalhadores ingleses foi conduzida com tanta coragem, reflexão e duração.
No que concerne à condição ou à capacidade cultural dos trabalhadores alemães em geral, remeto aos geniais escritos de Witilng, os quais, sob o aspecto teórico, muitas vezes ultrapassam o próprio Proudhon, embora permaneçam aquém dele no que se refere à forma. Onde poderia a burguesia - incluídos os seus filósofos e eruditos - exibir uma obra igual à de Weitilng: Garantien der Harmonie und Freiheit, relativa à emancipação da burguesia, à emancipação política? Caso se compare a insossa e tola mediocridade da literatura política alemã com essa enorme e brilhante estréia literária dos operários almães; caso se compare esse gigantesco calçado de criança do proletariado com a disforme pequenez do gasto calçado político da burguesia alemã, deve-se prognosticar para a Cinderela alemã uma figura de atleta. Deve-se admitir que o proletariado alemão é o teórico do proletariado europeu, assim como o proletariado inglês é o seu economista e o proletariado francês o seu político. Deve-se admitir que a Alemanha tem uma vocação tão clássica para a revolução social quanto é incapaz de uma revolução política. Com efeito, assim como a impotência da burguesia alemã é a impotência política da Alemanha, assim a disposição do proletariado alemão - ainda que prescindindo da teoria alemã - é a disposição social da Alemanha. A desproporção entre o desenvolvimento filosófico e o desenvolvimento político na Alemanha não é nenhuma anormalidade. É uma desproporção necessária. Somente no socialismo pode um povo filosófico encontrar a sua práxis correspondente e, portanto, somente no proletariado o elemento ativo da sua libertação.
Mas, nesse momento, não tenho nem tempo nem disposição para explicar ao "prussiano" a relação da "sociedade alemã" com a revolução social, e, a partir dela, de um lado a fraca reação da burguesia alemã contra o socialismo e, de outro, as excelentes disposições para o socialismo do proletariado alemão. Ma minha Introdução à crítica da filosofia do direito de Hegel (Deutsch-Franzosische Jahrbucher), ele encontrará os primeiros elementos para compreender esse fenômeno.
A inteligência dos alemães pobres está, portanto, em uma relação inversa com a inteligência dos pobres alemães. No entanto, pessoas para as quais qualquer assunto deve servir para exercícios públicos de estilo, vêem-se levadas, através dessa atividade formal, a um conteúdo equivocado, equivocado, por sua vez, imprime novamente à forma o selo da banalidade. Deste modo, a tentativa do "prussiano", em uma ocasião como essa das revoltas dos operários silesianos, de expressar-se na forma de antíteses, leva-o à maior antítese contra a verdade. A única tarefa de uma mente pensante e amiga da verdade frente à primeira explosão da revolta dos trabalhadores silesianos, não consistia em desempenhar o papel de pedagogo desse acontecimento, mas, pelo contrário, em estudar o seu caráter peculiar. Para isto, requer-se, antes de mais nada, uma certa perspicácia científica e um certo amor pela humanidade, ao passo que, para a outra operação, é suficiente uma fraseologia ligeira, embebida em uma complacência vazia.
Por que o "prussiano" julga com tanto desprezo os trabalhadores alemães? Porque ele acha que toda a questão - isto é, a questão da miséria dos operários - está abandonada "ainda até hoje" pela "alma política que penetra tudo". Eis como ele vai derramando o seu amor platônico pela alma política:
"No sangue e na incompreensão serão sufocadas todas as revoltas que explodem nesse desesperado isolamento dos homens da comunidade e de suas idéias dos princípios sociais; mas logo que a miséria tiver gerado o intelecto e o intelecto político dos alemães tiver descoberto as raízes da miséria social, então também na Alemanha esses acontecimentos serão percebidos como sintomas de uma grande mudança".
Permita-nos o "prussiano", antes de mais nada, uma observação estilística. Sua antítese está incompleta. Na primeira metade, diz-se: a miséria gera o intelecto e na segunda metade: o intelecto político descobre as raízes da miséria social. O intelecto simples, na primeira metade da antítese, torna-se, na segunda metade, um intelecto político, como a miséria simples da primeira metade da antítese torna-se, na segunda, uma miséria social. Por que motivo o nosso estilista tratou de maneira tão desigual as duas metades da antítese? Não creio que tenha notado isso. Vou mostrar-lhe o seu verdadeiro instinto. Se o "prussiano" tivesse escrito: "A miséria social gera o intelecto político e o intelecto político descobre as raízes da miséria social", nenhum leitor atento teria deixado de perceber a falta de sentido dessa antítese. Todo mundo se teria perguntado, antes de mais nada, por que o anônimo não opõe o intelecto social à miséria social e o intelecto político à miséria política, como manda a lógica mais elementar. Mas vamos ao que interessa!
Tão falso é que a miséria social gere o intelecto político, como mais verdadeiro é antes o contrário, isto é, que o bem-estar social gera o intelecto político. O intelecto político é um espiritualista e é concedido a quem já possui e desfruta das comodidades. Que o nosso "prussiano" ouça, a esse propósito, um economista francês, o senhor Michel Chevalier:
"No ano de 1789, quando a burguesia se sublevou, para ser livre faltava-lhe apenas a participação no governo do país. Para ela, a libertação consistiu em arrebatar das mãos dos privilegiados que tinham o monopólio dessas funções, a direção dos negócios públicos, as mais altas funções civis, militares e religiosas. Sendo rica e ilustrada, podendo bastar-se e dirigir-se a si mesma, ela queria subtrair-se ao régime du bon plaisir".
Já demonstramos ao "prussiano" quanto o intelecto político é incapaz de descobrir a fonte da miséria social. Apenas mais uma palavra sobre essa sua concepção. Quanto mais evoluído e geral é o intelecto político de um povo tanto mais o proletariado - pelo menos no início do movimento - gasta suas forças em insensatas e inúteis revoltas sufocadas em sangue. Uma vez que ele pensa na forma da política, vê o fundamento de todos os males na vontade e todos os meios para remediá-los na violência e na derrocada de uma determinada forma de Estado. Demonstração: as primeiras revoltas do proletariado francês. Os operários de Lyon julgavam perseguir apenas fins políticos, ser apenas soldados do socialismo. Deste modo, o seu intelecto político lhes tornou obscuras as raízes da miséria social, falseou o conhecimento dos seus objetivos reais e, deste modo, o seu intelecto político enganou o seu instinto social.
Mas se o "prussiano" acha que a miséria gera o intelecto, por que então coloca junto os "sufocamentos no sangue" e os "sufocamentos na incompreensão"? Se a miséria é, em geral, um meio, a miséria sangrenta será então um meio muito agudo para gerar a compreensão. Portanto, o "prussiano" deveria ter dito: o sufocamento em sangue sufocará a incompreensão e trará à compreensão uma oportuna lufada de ar.
O "prussiano" prognostica o sufocamento das revoltas que irrompem no "desesperado isolamento dos homens da comunidade e na separação de suas idéias dos princípios sociais".
Já demonstramos que a revolta silesiana de modo nenhum se realizou num estado de separação entre as idéias e os princípios sociais. Temos agora que nos haver com o "desesperado isolamento dos homens da comunidade". Por comunidade se deve entender aqui a comunidade política, o Estado. É sempre a velha cantilena da não-politicidade da Alemanha.
Por acaso não rebentam todas as revoltas, sem exceção, no desesperado isolamento do homem da comunidade? Será que qualquer revolta não supõe necessariamente esse isolamento? Teria havido a revolução de 1789 sem o desesperado isolamento dos cidadãos franceses da comunidade? Ela estava destinada exatamente a suprimir esse isolamento.
Mas a comunidade da qual o trabalhador está isolado é uma comunidade inteiramente diferente e de uma outra extensão que a comunidade política. Essa comunidade, da qual é separado pelo seu trabalho, é a própria vida, a vida física e espiritual, a moralidade humana. A essência humana é a verdadeira comunidade humana. E assim como o desesperado isolamento dela é incomparavelmente mais universal, insuportável, pavoroso e contraditório, do que o isolamento da comunidade política, assim também a supressão desse isolamento e até uma reação parcial, uma revolta contra ele, é tanto mais infinita quanto infinito é o homem em relação ao cidadão e a vida humana em relação à vida política. Deste modo, por mais parcial que seja uma revolta industrial, ela encerra em si uma alma universal; e por mais universal que seja a revolta política, ela esconde, sob as formas mais colossais, um espírito estreito.
O "prussiano" fecha dignamente o seu artigo com esta frase: 
"Uma revolução social sem alma política (isto é, sem uma visão organizativa do ponto de vista da totalidade), é impossível".
É óbvio. Uma revolução social se situa do ponto de vista da totalidade porque - mesmo que aconteça apenas em um distrito industrial - ela é um protesto do homem contra a vida desumanizada, porque parte do ponto de vista do indivíduo singular real, porque a comunidade, contra cuja separação o indivíduo reage, é a verdadeira comunidade do homem, é a essência humana. Ao contrário, a alma política de uma revolução consiste na tendência das classes politicamente privadas de influência a superar o seu isolamento do Estado e do poder. O seu ponto de vista é aquele do Estado, de uma totalidade abstrata, que subsiste apenas através da separação da vida real, que é impensável sem o antagonismo organizado entre a idéia geral e a existência individual do homem. Por isso, uma revolução com alma política organiza também, de acordo com a natureza limitada e discorde dessa alma, um círculo dirigente na sociedade às custas da sociedade.
Gostaríamos de confidenciar ao "prussiano" o que é "uma revolução social com uma alma política"; com isso também lhe revelamos o segredo de porque ele não consegue, mesmo nos seus torneios estilísticos, elevar-se para além do limitado ponto de vista político.
Uma revolução "social" com uma alma política ou é um completo absurdo, se o "prussiano entende por revolução "social" uma revolução "social" contraposta a uma revolução política e apesar de tudo confere à revolução social uma alma política, além de social, ou, então, uma "revolução social com uma alma política" não é mais do que uma paráfrase do que já se chamou uma "revolução política" ou "simplesmente uma revolução". Toda revolução dissolve a velha sociedade; neste sentido é social. Toda revolução derruba o velho poder; neste sentido é política.
Que o "prussiano" escolha entre a paráfrase e o absurdo! Contudo, se é parafrásico ou absurdo uma revolução social com uma alma política, é racional, ao contrário, uma revolução política com uma alma social. A revolução em geral - a derrocada do poder existente e a dissolução das velhas relações - é um ato político. Por isso, o socialismo não pode efetivar-se sem revolução. Ele tem necessidade desse ato político na medida em que tem necessidade da destruição e da dissolução. No entanto, logo que tenha início a sua atividade organizativa, logo que apareça o seu próprio objetivo, a sua alma, então o socialismo se desembaraça do seu revestimento político.
Toda essa prolixidade foi necessária para rasgar o tecido de erros que se esconde em apenas uma coluna de jornal. Nem todos os leitores podem ter a cultura e o tempo necessários para perceber uma tal charlatanice literária. Não tem, portanto, o "prussiano", diante do público leitor, o dever de renunciar momentaneamente a qualquer atividade de escritor no campo político e social, bem como às declamações sobre a situação da Alemanha, e de começar um consciencioso exame da sua própria situação?

Trabalho de Polí.5 21/03/2011

Universidade Federal de Alagoas – UFAL.
Instituto de Ciências Sociais – ICS.
Aluna: Márcia Regina Barbosa da Silva- 2004g0198.
Prof.ª. Belmira Magalhães. Data:21/03/2011.

Disciplina Política 5

1- Construa um texto baseado na democracia. O estado de igualdade e liberdade;coletivo e particular para Hegel, Tocqueville e Mills.

Hegel:
O estado para Hegel não é um estado qualquer ele é a unidade mediadora de relações entre os indivíduos para a manutenção da ordem evitando que ocorra em uma disputa por liberdade; assim sendo; o estado promove o bem dos indivíduos em sua individualidade protegendo a família através da sociedade civil, a qual é definida como um sistema onde os indivíduos satisfazem as suas necessidades através do trabalho e da troca; a sociedade civil assegura a defesa de suas liberdades através da administração da justiça e de suas corporações, isto é uma esfera de interesses privados, econômicos-corporativos e antagônicos entre si.
O Estado é a unidade substancial que traz o indivíduo a sua realidade efetiva e corporifica a mais alta expressão de liberdade. a sua existência imediata, na consciência de si, no saber e na atividade do indivíduo, tem a sua existência mediata, enquanto o indivíduo obtém a sua liberdade substancial ligando-se ao Estado como à sua essência fim e o produto da sua atividade.
Hegel acredita que todos devem ter a liberdade para poderem trabalhar e produzir assegurados pelo Estado que deve proteger este direito e também todos e qualquer bem que seja adquirido através do trabalho.




Tocqueville:
A Democracia está ligada a ideia de liberdade e à igualdade, a liberdade é a primeira condição para um regime democrático. Tocqueville apresenta a problemática de como desenvolver a lia igualdade sem que esta atrapalhe o direito de liberdade podendo destruí - la .A Democracia tem um caráter universal, seu processo seria um constante aumento da igualdade de condições para toda a humanidade, seria inevitável e providencial, no sentido de uma “própria vontade divina”, que poderia ser percebida na história da humanidade “é universal, durável e todos os acontecimentos, como todos os homens, servem ao seu desenvolvimento. Querer parar a democracia pareceria então lutar contra Deus.”. A democracia seria um processo igualitário , como se fosse uma lei nescessaria para se compreendera história da humanidade esta natureza jamais deveria ser interrompida, ela desenvolve-se de maneira diversa, conforme as culturas e estas determinariam se a democracia seria liberal ou tirânica e o único fator que poderia defini- la seria a ação política de seu povo.
A igualdade teria como fato gerador qualquer elemento cultural que permitisse aos indivíduos considerarem-se iguais, a expressão de uma ideia, princípio ou até mesmo uma lei que declarasse a igualdade dos homens desencadearia o processo igualitário, garantiria o seu desenvolvimento e concretizaria esse conceito. Porém, o processo da igualdade poderia levar à perda da liberdade, através de desvios, como por exemplo o surgimento de uma sociedade de massa, gerando uma Tirania da Maioria ( o surgimento de um Estado Autoritário e despótico), que destruiria as minorias;o seu temor é do surgimento de uma cultura autoritária que destrua as possibilidades de manifestações das minorias,ou mesmo dos indivíduos diferenciados; mesmo assim considera o individualismo pernicioso.
Para viver livre é necessário habituar-se a uma existência plena de agitação, de movimento, de perigo; velar sem cessar e lançar a todo momento um olhar inquieto em torno de si: este é o preço da liberdade”. Para Tocqueville a liberdade é extremamente frágil e por isso precisa ser querida, protegida e é preciso lutar por ela para não perdê-la e nunca abandonar a sua defesa. A liberdade deveria ter a qualidade de um direito institucional, em parceria da ação política dos cidadãos e sua participação nos negócios públicos, tal parceria poderia ser alcançada através de organizações livres: instituições que descentralizariam a administração pública, organizações políticas, partidos etc.
Para Tocqueville, o processo inevitável da igualdade apresenta perigos e ameaça à liberdade que mesmo já tendo sido conquistada é frágil e a qualquer momento pode ser destruída ; igualdade sem liberdade seria insuportável, assim apenas a democracia seria a legítima mediadora desse conflito. As obras de Tocqueville e sua atividades políticas são uma luta constante para que a democracia fosse construída preservando a liberdade.


MILLS
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Márcia Regina Barbosa da Silva.
Aluna do Instituto de Ciências Sociais-ICS/UFAL
Bolsista do Instituto de Computação-IC/UFAL
(82) 9341-8004 / (82) 8828-3815